VINHO DO PORTO BRANCO – UM MUNDO A DESCOBRIR

Os Vinhos do Porto Branco não chegam a 10% de toda a produção dos Vinhos do Porto em geral, onde os estilos Ruby e Tawny reinam absolutos.

O estilo Porto Branco sempre existiu desde os primórdios quando o mundo veio a conhecer os grandes vinhos nascidos no Douro, lá pelos anos de 1640. Nesses tempos passados, o cultivo de videiras na Região do Douro não obedecia a uma regra, as castas brancas eram cultivadas junto das tintas e na hora da colheita tudo era misturado. Com o passar dos tempos, notou-se que o Porto Branco tinha lá seus predicados e  seus aromas e sabores mais delicados começaram a chamar a atenção.

Não é segredo que, muitas vezes, no afã de vender vinhos mais velhos, ou seja, Tawny, alguns produtores chegaram a misturar Portos Ruby com Porto Branco, assim, logo se obtinha um “falso” Tawny, que enganava ao menos na cor, mas nunca no sabor.

Mas como quem dita a norma em tudo o que se compra ou que se vende é o mercado, os ingleses começaram a prestigiar muito os vinhos de Jerez, produzidos em Andaluzia no sul da Espanha, e igualmente como fizeram com o Porto levaram esse vinho espanhol à glória. Só que em Jerez só há vinho branco, e ai esta uma fatia de mercado que o Porto não podia perder.

Assim, foi somente após o desastroso mal da Filoxera, que atingiu o Douro na segunda metade do século XIX, que os vinhedos novos, que tiveram que ser replantados, começaram a ter as uvas brancas separadas em pequenos quarteis das uvas tintas, e doravante iniciou-se uma produção de vinho do Porto Branco como hoje conhecemos. As castas que dão origem a esse espetacular vinho são: Malvasia Fina, Códega, Malvasia Rei, Rabigato, Gouveio, Viosinho e Arinto.

No caso do Vinho do Porto Branco três categorias e estilos de vinho são correntes, algumas atingiram o pico de consumo no inicio do século XX como o Lágrima, outras, desde o final dos anos 70 do século passado vem caindo no gosto dos consumidores como ingrediente básico para um refrescante e saboroso aperitivo chamado de Portónic ou Porto de Verão!

O Tipo Lágrima é o mais doce, pode atingir uma graduação de mais de 50gr de açúcar, é obtido logo nas primeiras 48 horas de fermentação das uvas brancas quando lhe deitam a aguardente vínica, e assim todo o açúcar da uva que esta para fermentar fica inibido deixando o vinho muito doce. O tipo White tem um grau de doçura bem mais leve e pode ser bebido puro ou na confecção do Porto de Verão e o Porto Extra Dry é aquele obtido somente quando as uvas acabam totalmente de fermentar e que não haja sequer 1gr de açúcar, ai então se coloca a tradicional aguardente vínica.

Os Vinhos do Porto brancos são longevos tanto quanto os tintos, deixados repousar em uma pipa de madeira, por oxidação natural a cada dia vai se tornando mais escuro, ao contrario do tinto que vai se tornando cada vez mais claro. É curioso observar que um Porto Branco e um Porto Tawny deixado por mais de 30 anos em uma pipa de madeira a oxidar, quando se for degustar o provador não saberá dizer quem nasceu branco ou quem nasceu tinto, as cores se fundem e ficam idênticas.

No momento muitas das tradicionais Casas produtoras de Vinho do Porto têm apresentado ao mercado vinho do Porto Brancos envelhecidos, as Casas Dalva e a Andresen foram pioneiras neste setor apresentando regularmente diversas colheitas de Portos Brancos mais velhos.

Hoje já são mais de 30 marcas distintas desse tipo de vinho que vale a pena uma incursão por esse maravilhoso mundo de aromas e sabores.

Carlos Cabral