Neste ano de 2019 celebraremos no próximo dia 10 de setembro os 263 de um fato histórico ocorrido em Portugal que mudou a história dos vinhos em todo o mundo.
Corria o ano de 1756, em Portugal a situação econômica grave só piorou quando, um ano antes, em 1755, um devastador terramoto em Lisboa provocou uma tragédia incalculável que levou muito tempo para ser superada. Reinava Dom José I e seu Primeiro Ministro, Sebastião José de Carvalho e Mello, o conhecido Marques de Pombal, governava o país com austeridade e mão de ferro!
Pombal, como grande estadista que era, embora lhe atribuam estas qualidades por ser despótico, era sem sombra de dúvidas um Homem de muita visão para a época! Contornar as finanças de uma Nação cuja fonte perene de riqueza havia secado, o ouro do Brasil minguou, teve que tomar uma série de atitudes com mão de ferro.
Sendo muito bem informado da trágica situação em que se encontravam os vitivinicultores do Douro, acolheu á uma excelente exposição de motivos de um Frei Dominicano chamado João de Mansilha que sugeriu a Criação de uma Companhia estatal para cuidar e por ordem no plantio elaboração e comércio do mais afamado vinho de Portugal, o Vinho do Porto, onde os ingleses, aproveitando de uma série de fatores sócio econômicos queriam a todo custo se apoderar da produção, elaboração e comércio desse vinho. O ideário é fazer do Douro e do Porto uma possessão inglesa!
Pombal que mais de 15 anos havia sido Embaixador de Portugal em Inglaterra sabia como agir com os ingleses, e assim, para por ordem na casa cria em 10 de setembro de 1756 a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, uma empresa que foi além de ordenar o comércio, atuou fortemente na Região do Douro, demarcou geográfica e fisicamente os terrenos que produziam vinhos da mais alta qualidade, mandou abrir estradas, desobstruir o Rio Douro, criou uma escola para formar Contadores e Fiscais para o controle geral de tudo isso e perseguiu duramente aqueles que fraudavam o Vinho do Porto buscando lucros fáceis. Toda a produção de Vinho do Porto era comprada pela Companhia e depois vendida as Casa Exportadoras que se interessavam.
Claro que os ingleses não gostaram nada disso e apoiaram descaradamente uma revolta contra a Companhia que rebentou na Cidade do Porto em 23 de fevereiro de 1757, conhecida como a Revolta dos Taberneiros e Tanoeiros. A Companhia pode ter cometido alguns exageros, mas ensinou ao mundo que para se obter um vinho de qualidade deve-se antes de tudo demarcar sua Região de produção, porque espertalhões nascem em todo o mundo.
Assim, o dia 10 de setembro de cada ano deve ser comemorado por todos aqueles que hoje tomam vinhos de qualidades superiores, pois esses vinhos tiveram um grande padrinho em 1756, o Vinho do Porto, que até hoje é o orgulho de todo um povo e uma Nação!
Carlos Cabral