Maria de Medeiros no Tuca, com a peça “Aos Nossos Filhos”

Aos Nossos Filhos debate conflitos

gerados por relação homossexual e

as novas configurações das famílias

A peça – que traz pela primeira vez ao Brasil em um trabalho como atriz a portuguesa Maria de Medeiros, conhecida mundialmente por sua atuação no filme Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, e Henry & June, de Philip Kaufman – nasceu da experiência pessoal da autora

A célebre atriz portuguesa Maria de Medeiros (também cantora e cineasta, que vive há 20 anos em Paris e tem mais de 100 filmes na bagagem, entre eles Pulp Fiction e Henry & June) retorna aos palcos brasileiros ao lado de Laura Castro na peça Aos Nossos Filhos. O espetáculo está em temporada no TUCA até a 1º de setembro, de sexta a domingo.

Dirigido por João das Neves e escrita pela própria Laura Castro, a peça propõe uma reflexão sobre as famílias contemporâneas, inspirada em experiências pessoais da autora. Tem como pano de fundo a liberdade individual e as novas configurações familiares. Entra no debate o relacionamentos homossexual, tema bastante atual que se desdobrou, recentemente, no projeto polêmico da “cura gay”.

Na história, há um embate entre mãe e filha. A mãe, interpretada por Maria de Medeiros, é divorciada e tem três casamentos no currículo – filhos em dois deles, além dos enteados. É uma mulher que lutou contra a ditadura no Brasil, pegou em armas, foi exilada e morou em diversas partes do mundo. Já a filha, vivida por Laura Castro, é mais “careta” e vive um casamento de 15 anos com outra mulher, agora grávida do primeiro filho da relação.

A peça se passa na noite em que a jovem conta para a mãe que vai ter um filho gerado na barriga de sua companheira. A notícia traz à tona encontros e conflitos das duas gerações. Uma noite de embate e de discussão é a catarse necessária para duas mulheres quando uma efetivamente se dá conta que está se tornando mãe e a outra, avó. Preconceitos e valores conservadores que persistiram também em um lar politizado são discutidos de modo comovente e que confronta com os diferentes lados.

O espetáculo coloca em confronto duas mulheres, mãe e filha, ambas revolucionárias a seu tempo e tem como pano de fundo questões como liberdade individual e novas configurações familiares, com suas consequências, desdobramentos e afetos. A encenação de João das Neves, que dirigiu o teatro do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) até a sua extinção pelo golpe de 1964 e fundou o histórico grupo Opinião, evidencia o texto como instrumento artístico de reflexão social importante. O tema se torna relevante no país, refletindo a mudança nos costumes e nas políticas públicas, como na recente decisão do Supremo Tribunal Federal que reconhece a união estável de casais homossexuais.

Aos Nossos Filhos nasceu da experiência pessoal da autora, Laura Castro. Casada há 13 anos com Marta Nóbrega, têm juntas três filhos: Rosa (gerada por Marta), José (gerado por Laura) e Clarissa (adotada). O casal participou do programa de TV Novas Famílias, dirigido por João Jardim, no canal GNT. “Foi fundamental esse entendimento profundo do texto para a montagem se dar no tempo que aconteceu. Tivemos apenas um mês de ensaio, mas tanto a minha bagagem quanto a da Maria ajudaram muito. O fato de eu ser pessoalmente tão próxima ao tema necessita criar um distanciamento, para compor a personagem”, comenta a atriz e dramaturga.

Maria de Medeiros aceitou participar do projeto por seu profundo interesse pela temática, além, de outras coincidências.  A atriz e diretora produziu o documentário Repare Bem, que retrata três gerações de mulheres afetadas pelas ditaduras brasileira e chilena na década de 1970. Também está escrevendo um longa-metragem sobre um casal de homens que deseja ter filhos, nos Estados Unidos, e gravou, em seu último CD, a canção Aos Nossos Filhos, título da peça.

Reflexos da sociedade

Com a recente aprovação da lei que reconhece a união estável de casais homossexuais, o avanço da sociedade na concepção de família se faz fato jurídico. Tudo isso está sendo possível também graças à ascensão de uma geração revolucionária em políticas e costumes. No entanto, a adoção de crianças por casais homossexuais, apesar de possível, ainda não está regulamentada. É o momento de refletir, também na arte, essas famílias e suas relações que estão dando uma nova cara ao País.

Em maio de 2011, foi votado no Supremo Tribunal Federal o reconhecimento da união estável de casais homossexuais. Esse avanço político se dá em um momento em que quem está no poder em diversos âmbitos é a geração dos anos 60, que lutou contra a ditadura e quebrou diversos paradigmas. No entanto, nas relações familiares, tudo é mais complexo: são justamente os filhos dessa geração que estão fazendo essa nova revolução privada, compondo famílias com dois pais ou duas mães, muitas vezes, mais caretas que a de seus pais. É um espetáculo de conflito de gerações, mas em um mundo contemporâneo onde os paradigmas e conceitos de família estão bastante ampliados. Artisticamente, a busca é pela síntese em um teatro de relações que transforma os personagens e espectadores a partir de um forte conflito.

Sobre João das Neves

Autor, tradutor, diretor, ator e iluminador teatral. Dirigiu o setor de Teatro de Rua do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE) até 1964, quando a entidade foi extinta pela ditadura. Ainda em 1964, foi um dos fundadores do histórico Grupo Opinião. Cursou Prática em Ciências Teatrais na Alemanha, estagiando no setor de peças radiofônicas da Westdeutscher Rundfunk. Dirigiu óperas contemporâneas como Continente Zero Hora, de Rufo Herrera e Corpo Santo, de Jorge Antunes, além de roteirizar e dirigir inúmeros shows da MPB. Escreveu e dirigiu O Último Carro, ganhador de mais de 20 prêmios, entre eles o Golfinho de Ouro, Moliére e o prêmio da Bienal Internacional de São Paulo. É autor de Mural Mulher, Café da Manhã, entre outros. Foi indicado como melhor diretor ao Prêmio Shell de 2007 (Besouro Cordão de Ouro) e de 2009 (A Farsa da Boa Preguiça).

Sobre Laura Castro

Atriz, cantora, escritora e produtora cultural. Fez CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), é Bacharel em artes cênicas pela UNIRIO e sócia da JLM Produções Artísticas. Entre 2005 e 2009, foi Diretora de Produção do Centro de Referência Cultura Infância. Atuou em importantes espetáculos, entre os quais: Menininha, direção de João Cícero, Um Homem Célebre, dirigido por Pedro Paulo Rangel; Bituca – O Vendedor de Sonhos, direção de João das Neves; Carolina, direção de Renato Farias; Hans, o Faz Tudo, dirigido por Karen Acioly; Obrigado, Cartola!, direção de Vicente Maiolino; Elis, Estrela do Brasil, dirigido por Diogo Vilela; e”, direção de Antônio De Bonis. 

Sobre Maria de Medeiros

Atriz, cineasta e cantora portuguesa. Considerada a melhor atriz portuguesa de cinema da sua geração, foi nomeada Artista da UNESCO para a Paz. Passou a infância na Áustria, regressando a Portugal após 1974. Depois da juventude em Lisboa, onde estudou no Lyceé Français Charles Lepierre, instalou-se em Paris. Licenciou-se em Filosofia pela Universidade de Sorbonne – Paris IV, frequentando a École Nationale Superieure des Arts et Techniques du Théatre e o Conservatoire National d’Art de Paris, onde se formou como atriz. Iniciou a sua filmografia com o longa-metragem Silvestre de João César Monteiro (1982), tendo consolidado a sua atividade com Henry e June (1990), de Philip Kaufman, e Pulp Fiction, de Quentin Tarantino(1994). Destacam-se, ainda, as suas interpretações em Três Irmãos, de Teresa Villaverd (1994), que lhe valeu os Prêmios de melhor atriz no Festival de Veneza e Festival de Cancun; Adão e Eva, de Joaquim Leitão (1995), que lhe deu um Globo de Ouro na categoria de melhor atriz, e O Xangô de Baker Street, de Miguel Faria Jr.

Para roteiro:

Aos Nossos Filhos – Restreia dia 2 de agosto, sexta-feira, às 21 horas no TUCA. Direção: João das Neves. Texto: Laura Castro. Elenco: Maria de Medeiros e Laura Castro. Músico: Iuri Salvagnini. Iluminação: Paulo César Medeiros. Cenário e Figurinos: Rodrigo Cohen. Programação visual: André de Castro. Produção Executiva: Renata Peralva. Direção de Produção: Marta Nóbrega. JLM Produções Artísticas.  Apoio: Embaixada de Portugal / Instituto Camões. Até 1º de setembro. Duração: 90 minutos. Temporada: Sextas e sábados às 21h30 e domingo às 18h.

Teatro TUCA – Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes.
Capacidade – 672 lugares..
Ingressos – Sexta-feira – R$ 40,00. Sábados e domingos R$ 50,00 (Desconto de 50% para Estudantes, Maiores de 60 anos, Aposentados).
Acesso para pessoas com deficiência.
Vendas Pela Internet –
www.ingressorapido.com.br ou Central de Vendas: (11) 4003-1212 (aceita todos os cartões de crédito).
Bilheteria:  Horário de Atendimento:
Terça a Quinta das 14h às 20h. Sexta a dom, das 14h até inicio do espetáculo.
Formas de Pagamento: Amex, Aura, Diners, Dinheiro, Hipercard, Mastercard, Redeshop, Visa e Visa Electron.
Estacionamento conveniado – Pier Park Estacionamentos – Rua Monte Alegre, 835 – R$12, 00 – Tel.: (11) 3120-5052
(Valor válido somente mediante apresentação de ingressos das peças em cartaz no TUCA).

ARTEPLURAL – Assessoria de imprensa
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