Muito boa noite, minhas senhoras e meus senhores.
Queria começar por dizer do privilégio que é poder contar com a graciosidade e o talento da Maria de Medeiros na condução deste espectáculo. O meu obrigado pessoal, Maria.
Olhando para esta bela sala repleta de gente, apetece dizer que conseguimos desmentir esta noite esse genial e terrível carioca, Nelson Rodrigues, quando afirmava que:
“A pior forma de solidão é a companhia de um paulista”.
A minha tarefa hoje aqui é muito fácil: é agradecer.
Celebrar Portugal em S.Paulo é reconhecer antes de mais o papel importante, às vezes invisível, desempenhado por tantos Portugueses, Luso-Brasileiros e Brasileiros na aproximação e no conhecimento mútuo entre as duas Nações.
Dirão que Portugal e Brasil têm a este respeito a vida facilitada. É verdade e não é. É verdade porque poucos países têm a ligação profunda, umbilical, familiar que os dois povos desfrutam. Mas é uma verdade incompleta: o passado é um património comum mas é também apenas o ponto de partida. Ganhamos em nos redescobrir.
Este Dia de Portugal serve para observar e saudar o redescobrimento que está em curso. Brasil e Portugal mudaram muito nos últimos anos e devem a si mesmos e à sua história o prazer de desvendar o muito que ainda podem fazer em conjunto.
Essa é a forma mais genuína de honrar o legado que nos une – para além da língua e das tradições que partilhamos, para além dos negócios e do turismo – cada vez mais importantes – explorando alianças e parcerias em praticamente todas as áreas do relacionamento, onde a cultura e as artes contemporâneas nos oferecem a oportunidade de uma familiaridade renovada. E continuar a usufruir daquilo que é único entre brasileiros e portugueses : a consciência de que fazemos parte de alguma coisa íntima e indestrutível que nos torna cúmplices.
Para celebrarmos este dia, que melhor do que ter entre nós alguns dos seus protagonistas?
Não posso deixar de registar as presenças aqui, esta noite, do Secretário de Estado, Vice Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Luis Campos Ferreira, que veio expressamente de Lisboa para aqui estar connosco hoje, do Embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Ribeiro Telles, do Secretário da Cultura do Estado de SP, Marcello Araújo, que hoje aqui nos acolhe em sua casa, dos… de todos os Prefeitos, secretários e secretárias estaduais e municipais de SP que nos prestigiam, dos meus queridos colegas Cônsules e Embaixadores, dos líderes associativos da minha querida e estimada comunidade luso-brasileira, das empresas e instituições portuguesas e brasileiras que patrocinaram este espectáculo, e enfim de toda a equipa de produção e funcionários do Consulado Geral de Portugal em São Paulo que tornaram este evento possível. Obrigado a todos.
O público que hoje aqui nos dá o privilégio da sua presença é certamente também um dos protagonistas deste espírito e deste “AUÊ “ que nos anima e em que tão bem nos entendemos. Como o são todos aqueles que não estando aqui hoje ajudaram esta celebração a ser uma data que também diz respeito aos brasileiros.
Numa semana em que se inicia a Copa do Mundo e celebramos o Dia de Portugal, num ano que é especial para o Brasil e importante para a recuperação em curso da economia portuguesa, queria agradecer a todos: obrigado por se juntarem a nós neste verdadeiro encontro de amigos.
Recorro novamente ao magistral Nelson Rodrigues, quando este lembrava, a propósito do jogador Garrincha, que “Deus escreve direito por pernas tortas”, para fazer um voto: que de uma forma ou de outra, a final desta Copa do Mundo seja falada em português!
Desejo a todos um noite simpática e feliz. Viva Portugal! Viva o Brasil!