Outra joia da coroa de Portugal

Notoriedade e prestígio são dois atributos que não faltam ao vinho Moscatel da Região Demarcada da Península de Setúbal.

Vinho nobre na cor e no sabor foi presença marcante nas mesas dos Reis Dom Dinis de Portugal (“O Lavrador”), Ricardo II da Inglaterra e Luis XIV da França (“O Rei Sol”).

Sua cor lembra ouro e seu sabor o que de mais doce existe na terra, o mel!

Na região da Península de Setúbal (mesmo a Sul de Lisboa) as uvas Moscatel e Moscatel Roxo encontraram seu habitat perfeito depois de imigrarem de Alexandria no Egito. A data desconhece-se, acredita-se que durante a ocupação Moura da Península Ibérica por mais de 700 anos, essas uvas já eram cultivadas, mas só eram utilizadas para consumo como alimento devido ao preceito religioso muçulmano que proíbe a ingestão de álcool.

Durante o período dos Descobrimentos nos séculos XV e XVI, muitos tonéis de vinhos Moscatéis eram utilizados como lastro nas caravelas, algumas pipas viajavam no convés e outras nos porões. O movimento constante dos vinhos nas pipas e as variações climáticas, ora quentes, ora frias, quase que por um passe de mágica, contribuíam para melhorar a qualidade dos vinhos. Não foi incomum carregarem-se os navios com muitos tonéis, envia-los a Índia ou ao Brasil e depois aguardar o seu retorno e vender o vinho com enorme sobre preço devido às qualidades superiores que apresentava! Logo estes vinhos ficaram conhecidos como “os torna viagem” e foram muitos disputados pelos ilustres clientes de França e da Rússia.

Dos diversos clones da Casta Moscatel duas ainda hoje fazem história na região da Península de Setúbal. A Moscatel de Setúbal é uma casta de vigor média, tem floração e fecundação difícil. Seus bagos apresentam um agradável conjunto de aromas em sua película o que leva esses atributos de perfumes a nos recordarmos dos aromas dos damascos e mel. Estes aromas são o ponto alto desta casta.

A casta Moscatel Roxo tem um grau maior de doçura e de aromas compostos em relação à casta anterior. Seus cachos são pequenos e compactos e tem uma coloração rosada. Embora muito doce o vinho oriundo desta casta tem sua acidez correta o que o torna  agradável e não enjoativo.

Durante a fermentação destas uvas, após poucos dias de sua colheita, este processo é interrompido com a adição de uma aguardente vínica de superior qualidade, fato que faz preservar no vinho todo o açúcar natural da uva. O vinho macera por seis meses com as peles das uvas para que se possa extrair das mesmas todos os seus aromas adocicados.

Atualmente existem 20 produtores de Moscatel de Setúbal na Região segundo a Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CURPS).

Degustar um cálice de Moscatel de Setúbal é ter-se a gostosa sensação de que o mundo é dourado e que a vida é doce!!!

Carlos Cabral