Saindo-se de Lisboa, em direção ao Sul de Portugal, duas bonitas pontes cruzam o Tejo, a 25 de Abril e a Vasco da Gama. Mais alguns poucos quilómetros entramos na Região de Setúbal, afamada pelos seus vinhos e seu queijinho inigualável!
A Denominação de Origem Controlada de Setúbal e Palmela esta historicamente alicerçada sobre duas uvas emblemáticas, a Moscatel e a Castelão. Encontra-se nessa Região outras cultivares, mas estas duas são as responsáveis por darem lustro a esse pequeno pedaço de terra muito abençoado que há logo na entrada da Península Ibérica pelo Atlântico.
A Serra da Arrábida faz um longo colar a proteger esta Região e garante um clima ameno muito próprio para o bom desenvolvimento das videiras. Descendo por 60 km ao sul o Rio Sado percorre a costa Atlântica até Sines. Dá-se então um micro clima único que beneficia em muito a preservação dos aromas e da graduação de açúcar na uva Moscatel e a pujança e forte caráter na uva Castelão.
A uva Castelão, por muitos anos tratada erroneamente pelo nome de Periquita, deu origem ao vinho homônimo que mantem-se, com muito orgulho, por quase 180 anos como o mais antigo Vinho tinto de Portugal engarrafado e até hoje é a marca mais emblemática das Terras Lusitanas!. Devido ao sucesso desse vinho, os produtores de uva Castelão chamavam essa uva de Periquita, e vendiam seus vinhos a sombra do Periquita original da Casa José Maria da Fonseca. Resolvido esse impasse há passados 20 anos, os vinhos tintos dessa Região tem corpo medio, são elegantes e o tempo ensina-lhes muitas coisas, tanto que não é incomum degustarmos vinhos com mais de 20 anos em perfeito estado de juventude e conservação.
Já a uva Moscatel, da origem á um vinho que faz parte da Santíssima Trindade dos vinhos de Portugal junto com o Porto e o Madeira. Vinho doce tem cor de ouro, e conserva-se por séculos sem perder a qualidade, e o tempo é o seu maior professor. O Moscatel de Setúbal já recebeu, com justiça, a alcunha de “O Sol Engarrafado”. Interessante é a prova desse vinho, que com seus aromas delicados já surpreende o degustador e ao final da prova ficam horas a sentir na boca uma explosão de aromas a mel e damascos maduros. Verdadeiramente uma obra de arte da natureza dada de presente aos Homens!
Hoje nessa região encontramos também as uvas Aragones, Cabernet Sauvignon, Syrah e Trincadeira que lotadas com a uva Castelão dão origem a vinhos de gosto internacional que vem agradando a legião de turistas que vistam Portugal atualmente.
Outra joia da região que jamais pode ser esquecida é o Queijinho de Azeitão, feito com leite curado de ovelha que se alimenta do Cardo e esse mesmo Cardo promove a coagulação do leite por ação enzimática. Seu sabor é único, e seu aspeto abre o apetite até nos mortos!!! É também considerada uma obra de arte da natureza.
Passar alguns dias nessa região e degustar seus vinhos e sua gastronomia é um doce exercício de civilidade e bom gosto!
Carlos Cabral