No mundo dos vinhos Portugal se destaca com a maior coleção de uvas nativas diferenciadas, cuja origem é exclusivamente Ibérica. Uma gama hoje conhecida de 323 cultivares diferentes e autênticos, sem correlação com outras uvas existentes no resto do mundo é conhecido e trabalhado em terras Lusitanas.
O gênero “Vitis” abrange mais de 40 mil espécies, mas só Portugal faz uso constante de seus cultivares diferentes utilizando-os com regularidade e preservando suas características básicas fundamentais fato que se revela com muita precisão na hora da prova do vinho nascido de uma determinada casta.
Soma-se a isso tudo um fator importantíssimo chamado “terroir” que nada mais é que a personalidade do local onde se cultiva a cepa e a sua influência no produto final. Em termo vinícola Portugal é uma bela colcha de retalhos com pequenas e grandes manchas de vinhedos distintos que dão origem a vinhos também distintos.
Um grande estudioso das castas portuguesas, o alemão Jorge Bohm, classificou as uvas portuguesas em Castas de Elite, Castas de grande expansão, Castas de media expansão, Castas de pequena expansão e Castas novas em implantação.
Se nos atentarmos para as castas de Elite, encontraremos grandes conhecidas, aquelas as quais já estamos acostumados e citamos com familiaridade por estarem presentes em uma grande maioria de vinhos que comumente degustamos. Estas Castas de Elite, assim classificadas são: Alfrocheiro, Alvarinho, Antão-Vaz, Aragonez, Arinto, Baga, Castelão, Encruzado, Fernão Pires, Gouveio, Loureiro, Rabigato, Sercial, Tinta Barroca, Tinto Cão, Touriga Franca, Touriga Nacional, Trincadeira, Verdelho, e Viosinho.
A esta variedade de uvas devemos somar as técnicas de plantio e condução da videira, a Região em que são cultivadas e os estilos de vinhos que delas advém, sem nos esquecermos das práticas enológicas adotadas e os costumes de cada povo a elaborar seus vinhos, a soma disto tudo chamamos de Vinho de Personalidade, é como se tratássemos os vinhos como nós seres humanos, cada qual com a sua personalidade.
O pequeno território português produz uma grande coleção de vinhos distintos, únicos e com forte caráter final, e o mundo moderno de hoje, que já esta se cansado do vinho estilo “stardatizado”, elaborado somente com castas mais famosas vindas de outras regiões, se rende por curiosidade e alternância ao vinho português que é sempre diferente, mas que tem corpo e alma!
Carlos Cabral