A influência dos Tanoeiros no negócio do Vinho do Porto
Neste mês de setembro de 2018 estaremos comemorando os 262 anos da criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, uma super empresa idealizada por três cabeças pensantes que atuavam no comércio do Vinho do Porto, que receberam apoio do poderoso Marques de Pombal e que teve o beneplácito do Rei Dom José I de Portugal.
Foi no dia 10 de setembro de 1756 que a dita Companhia foi constituída e a sua criação modificou o cenário mundial no que tange a cultura da vinha e o comercio do vinho.
Portugal voltava-se para seu comércio interno tentando organizar um comércio lucrativo com seus vinhos uma vez que a lavra do ouro em Minas Gerais estão já escasseando, e gerar riqueza era preciso.
A Companhia pôs ordem em um comércio repleto de falcatruas e desmando, só que quando o fez, todos sentiram a mão pesada do Estado Português sobre esse comércio, fato que de imediato não agradou á todos aqueles que vinham fazendo fortuna com o Vinho do Porto.
Vários setores foram atingidos, os comerciantes ingleses que deitavam e rolavam sobre este comércio tiveram que sujeitar-se a ordens e burocracias jamais vistas, os Taberneiros que vendiam vinho na Cidade do Porto foram de imediato prejudicado, pois sem critério algum, Pombal mandou fechar 70% das tabernas existentes na cidade alegando que as mesmas adulteravam o vinho e recebia vinhos de outras regiões que não só o Douro, e vendiam aos ingleses que aceitavam pagar menos e exporta-los para outras terras.
Nessa época existia na cidade do Porto o maior Sindicato de trabalhadores da Europa, era o Sindicato dos Tanoeiros, que davam conta de fazer e reparar anualmente mais de 70.000 barricas de madeira que iam dos enormes Balseiros de milhares de litros até as tradicionais Pipas de Vinho do Porto com capacidade entre 540 e 600 litros. Todos os Tanoeiros exerciam seu trabalho com independência, e agora com as novas normas impostas pela Companhia, tinham que seguir uma politica de preços vigiados. A chamada Corporação dos Tanoeiros cobrava 500 reis para um aprendiz entrar nesse restrito número de profissionais, além de cobrar 400 reis de joia para iniciação nesse ramo de trabalho. Estes artesãos da madeira trabalhavam com todos os tipos de madeira, que iam da Macaúba e até Jacarandá que vinham do Brasil até o bom Carvalho português. Para dar conta de toda essa demanda uma legião de Tanoeiros era necessária, acredita-se que em 1756 havia entre o Douro e o Porto 50.000 profissionais exercendo essa profissão. Um viajante chamado Giuseppe Gorani escreveu que em 1766 que metade da população da cidade do Porto era composta por Tanoeiros! Apoderando-se de tudo o que podia a Companhia contratou só para si 788 Tanoeiros no ano de 1786 tamanha demanda que tina para exportar seus vinhos. Os Tanoeiros do Porto foram de grande importância na chamada Revolta dos Taberneiros e Tanoeiros que se deflagrou no dia 23 de fevereiro de 1757, uma Quarta Feira de Cinzas, quando uma turba de cidadãos da cidade amotinou-se exigindo o fim da Companhia. Mas esta é uma heroica história para ser contada da próxima vez!
Carlos Cabral